segunda-feira, 18 de abril de 2016

Lila entrevista Uarli Pascal


Tem vídeo novo da Lila? Tem sim!
Tem entrevista com o youtuber Uarli Pascal? Opa, tem sim!
Tem papo sobre feminismo, política e respeito? Ohhh se tem!

A viagem da peça Ex.troll.gênio para o Festival de Curitiba rendeu uma entrevista da Lila com o youtuber Uarli Pascal !

Sabe aquela conversa de bar em que se fala de tudo um pouco, então, a entrevista foi assim, temas que tem deixado a Lila, Uarli  e a todos inquietos foram a inspiração para o vídeo!

Para quem quiser conhecer mais sobre o Uarli Pascoal:
http://instagram.com/uarli
http://fb.com/uarlipascal
http://twitter.com/pascaluarli
Snapchetison: uarlipascal




segunda-feira, 4 de abril de 2016

A sua calcinha te representa?

Alerta de papo calcinha!
Mas papo calcinha de verdade. E aí,  você se sente confortável com as que usa? Na hora de escolher roupas íntimas, o que prevalece? A estética ou o conforto?



As mulheres já sofrem opressão no dia-a-dia em relação as suas roupas e com as peças íntimas não é diferente. Nas vitrines e manequins, peças minúsculas e quase sempre valorizando o sensual. Encontrar peças bonitas e que realmente representem a diversidade da mulher moderna é um desafio. Foi pensando nessa lacuna que a designer Poli Salomé se destaca com os seus modelos de calcinhas.

A marca Avulsa é uma atitude deliciosamente descompromissada que sugere outro olhar sobre o desejo de liberdade que ultrapassa o corpo e propõe novas formas, novas maneiras de enxergar e experimentar a roupa íntima. A Avulsa que se posiciona a partir de pesquisas sobre os diferentes movimentos e formas de expressão da cultura urbana, a fim de oferecer um produto novo e excepcional, não só em relação à forma e função, mas também carregado de informações subjetivas do universo em que a marca se insere.

Ao conhecer as peças, muitas dúvidas surgiram e a idealizadora da marca, Poli Salomé, gentilmente, respondeu todas elas. 


Quando surgiu a ideia de criar a Avulsa?

Poli Salomé: Em 2005, eu morava em Brasília e comecei a fazer minhas próprias calcinhas porque não achava nenhuma no mercado como eu gostaria que fossem: confortáveis com modelagem grande, com estampas diferentes, que não fossem caras e caretas, nem meio infantis ou com frases engraçadinhas. Em pouco tempo, minhas amigas começarem a pedir que eu fizesse pra elas também. Fiz umas 30 calcinhas e distribuí para receber os feedbacks da galera e comecei a fazer melhorias na modelagem. No começo, a marca se chamava PinUp. Em 2007 passou a se chamar Pix e depois, já no Rio de Janeiro, em 2010, quis torná-la uma marca mais profissional, com um projeto de negócio bem formatado e, aí, ela virou Avulsa.

Normalmente as vendas são feitas em espaços colaborativos mais que em grandes lojas. É uma escolha buscar o mercado alternativo e colaborativo? Ou há também uma opressão da grande indústria?
Poli Salomé: Por posicionamento, nos identificamos mais com as iniciativas do mercado alternativo, com os novos comportamentos voltados à vida sustentável e com essas novas alternativas de se viver em sociedade. Em relação à grande indústria, estamos atravessando um período bastante complicado: como a nossa produção ainda é muito pequena e somos nós que executamos, praticamente, todas as etapas de produção, sendo só a facção (costura) terceirizada, não temos poder de barganha para negociar preços e/ou prazos junto aos fornecedores. Com isso, não conseguimos ter preços competitivos com as grandes marcas, nem para trabalhar com distribuição em lojas ou ainda para trabalhar com venda no atacado. Além disso, com a alta do dólar, muitas marcas grandes que fabricavam na China, estão voltando a fabricar no Brasil fazendo com que os pequenos produtores, como nós, sejam expelidos do mercado. Estamos lutando bravamente contra isso.
Você pensa na anatomia do corpo que vai vestir a calcinha? Digo, muita calcinha tem aquele forro embaixo meio no lugar errado ou machucam no elástico. Existe um modo de fazer isso?
Poli Salomé: O primeiro motivo da existência da Avulsa é o conforto que cada peça oferece a quem esteja usando. Procuramos receber todos os feedbacks de clientes e, sempre que necessário, evoluímos alguma modelagem. A “calcinha cremosa”, por exemplo, que é nossa modelagem “carro-chefe”, não tem elásticos nas pernas, o fundo é mais largo que o convencional e o forro nós já mudamos de lugar algumas vezes e hoje ele tem um tamanho que atende a muitos tipos de anatomia, mas nada ainda é estabelecido como definitivo. Estamos abertas à evolução sempre!


Nas grandes indústrias são homens ou mulheres que desenham as calcinhas? Você sabe sobre isso?
Poli Salomé: Eu não saberia dizer quais gêneros exatamente desenvolvem as calcinhas nessas grandes marcas (muitas nem parecem ter sido feitas por pessoas de verdade...rsrsrs), mas, apesar disso, não me parece que essas pessoas estejam preocupadas, verdadeiramente, com o caimento do que estão criando, até porque, o objetivo deles é voltado ao mercado e não a deixar as pessoas confortáveis. Digo “verdadeiramente” porque o objetivo da escala industrial de produção é muito diferente do objetivo que se tem quando você faz uma coisa porque acredita que o que está fazendo pode melhorar a vida das pessoas e que pode ganhar dinheiro de forma justa vivendo do que se cria.
As calcinhas da Avulsa são maiores. O que vocês pensaram quando tomaram a decisão de fazer apenas calcinhas essencialmente confortáveis antes de tudo?
Poli Salomé: Simplesmente, não dá para conceber que a roupa íntima, uma peça que, normalmente, é para ser usada por baixo de outras roupas, seja desconfortável. Já é tanta opressão que sofremos no dia-a-dia, até mesmo com as roupas que devemos ou não usar, que não faz o mínimo sentido que até o tamanho das nossas calcinhas sejam uma imposição social. E, particularmente, temos preferência pelas modelagens maiores.
É empoderamento para a mulher escolher a forma e tamanho da própria calcinha?
Poli Salomé: Optar por uma calcinha de modelagem grande, confortável e estampada, tanto para o uso no dia-a-dia, quanto para momentos de sedução, é quebrar padrões. Acreditamos nisso como um pequeno gesto político, um posicionamento que faz questão de não seguir os padrões impostos. Infelizmente, é muito comum ver mulheres escolhendo sua calcinha a partir do gosto do seu parceiro ou parceira. O padrão que determina o que é “sexy”, raramente (para não dizer nunca), se preocupou com o conforto. Procuramos fazer com que as pessoas reflitam sobre isso tanto por meio da modelagem grande e confortável sem deixar de serem sensuais, quanto com as estampas, que saem completamente do que o mercado e as “tendências” ditam para a roupa íntima.


Por que o nome Avulsa?
Poli Salomé: Exatamente por ser uma marca com uma proposta “Avulsa” ao que o mercado impõe. Além do quê, inicialmente, a Avulsa seria apenas um produto de um coletivo de criação, do qual faço parte, chamado “Coletivo Avulso”. Mas ela cresceu e criou asas, vida própria! Virou Avulsa de verdade! =)




domingo, 20 de março de 2016

Moda e identidade na Feira Crespa

Hoje a gente vai falar de cabelo e beleza. Já reparou como as revistas de moda (algumas, boa parte) incentivam os cabelos lisos? Aí quando você não tem, faz o quê? A vida toda alisando? Muitas mulheres já tiveram problemas sérios de saúde por conta desses alisamentos.
Nos últimos anos tem surgido um movimento que se chama "Transição capilar", em algum momento as mulheres não aguentam mais a química no cabelo e decidem deixá-lo natural. O resultado é surpreendente, descobrem que seus cabelos são bonitos, saudáveis, menos ressecados do que diziam que era.
Como muitas mulheres estão aderindo a esta transição, muitas estão se organizando para dar / trocar dicas de como cuidar desse cabelo natural e, mais que isso, como valorizar-se e se sentir bela, não só no cabelo, mas também na pele e nas roupas.
A Elaine Rosa, nossa entrevistada de hoje, passou pela transição e criou uma Feira Crespa, que aborda desde moda a produtos para a pele e cabelos negros. O principal objetivo da feira é de empoderar as mulheres pretas, para que se valorizem e valorizem sua beleza.

A próxima feira é dia 26 de março, na Pavuna. Aparece por lá!!



Abaixo, nossa entrevista! Super obrigada, Elaine!

1- Como foi que você decidiu de uma vez fazer a transição Capilar?
ELAINE - Meu Cabelo nunca se adaptou com as químicas, fossem as para alisar ou enrolar, relaxar, meu cabelo sempre caiu. Lembro exatamente do momento que cortei pela raiz, meu atual noivo, na época namorado , teve um grande peso sobre minha posição!!! Meu cabelo era trançado por uma amiga da família desde criança, a tia Aparecida, talvez ela não saiba da total importância que ela teve, vai saber agora rs! Então marquei com ela, ela teve um contratempo e não pode me atender. me lembro de estar olhando no espelho e desesperada sobre o que fazer, como sair do quarto com "aquele cabelo assim", meu namorado chegou atras de mim e falou: " - o que você tá com vergonha? seu cabelo é esse !!! não são suas tranças!!!" engoli seco e sai do quarto, fui "encarar"a família dele e a primeira reação foi a sobrinha do meu noivo me olhar admirada e dizer que meu cabelo estava lindo.... tempos depois ela disse a mãe que queria fazer o mesmo.
Entendi que representatividade importava. Participava da Agência de Redes para Juventude, então chegar com cabelo crespo e altos penteados no grupo de meninas também em transição foi um bom estímulo, pra elas e pra mim! 


2- Qual a importância de se reconhecer no vídeo e nas revistas de moda?
ELAINE - Acredito que seja aquela parcela de coragem!!! Como vou fazer algo sem saber se o outro vai gostar? o tempo todo esperamos reconhecimento do outro não a nossa felicidade, a nossa vontade....
Ter alguem te dizendo que tpa bonito, que ta parecida com fulana ou ciclana, faz diferença na sociedade que vivemos. Quando mostramos outras referências escondidas por essa cultura de imposição, onde as referências usavam turbantes, cabelo crespo e roupas brancas ou coloridas, entendemos que estamos nos referindo á um novo norte de referencial.

3- Como decidiu criar a Feira Crespa e como ela funciona?
ELAINE - A feira crespa nasceu dentro de um ciclo de estímulos, bem no meu momento de transição, sem trança e com cabelo caindo, resolvi pesquisar e vi muitos grupos de debates do face e somente o encrespando de encontro.
Eu queria fala de empoderamento negro através de 3 viés: grife, dicas de produtos e serviços pra pele negra e a feira, mas aí no ciclo de estímulos da agência eu tinha um valor para receber de incentivo que não contemplaria tudo. junto com meu grupo tivemos que escolher e escolhemos a feira crespa. Hoje após 1 ano, a grife que queríamos fazer saiu do papel, a Rainha Crespa é a Marca que produz eventos, e portanto a feira e também dá nome a Grife que traz roupas e acessórios. A feira é multilinguagens e acontece de 3 em 3 meses, no ano de 2016 ela quer ganhar outros territórios fora da pavuna e ter mais edições. Nós abrangemo a estética como maior elo de ligação com a mulher preta que vem atraída a saber o que que está acontecendo, a partir disso é o contato um a um que modifica e causa uma experiência diferenciada, que o povo na Pavuna não estava acostumado a ter. E quase um sentimento único, essa coisa de aproximar o outro irmão do movimento.
Hoje a feira tem o evento e o desdobramento que é o encontro da feira. tudo adm pela Rainha Crespa.



4- De que modo a feira ajuda no empoderamento das mulheres negras?
ELAINE - Nada é imposto, acreditamos que cada uma tem seu momento. A proximidade com os discursos e as posturas aumenta o territórios, acreditamos que assim não oprimimos ninguém e temos todos juntos.
 
5- O que você vê de mais grave no racismo no Brasil? Ou o que seria destacado como mais cruel num país ainda tão racista?
ELAINE - Tanta coisa ainda em alta que difícil, destacar uma coisa só! Mas o extermínio da juventude negra me dói muito, como acredito que uma mulher empoderada pode ensinar os seus a se defenderem a não se calarem diante desse extermínio, eu toco nessa ferida, cultural e social que trazemos até hoje.

6-  Qual é o retorno mais positivo que você recebe realizando a feira?

ELAINE - Engraçado essa pergunta, pois alguns acham que a visibilidade é algo "pika" pra mim, rs! eu comecei a fazer terapia pra me ajudar com isso, me assusta. mas acho que o que faz mais feliz e ver as pessoas mudadas por coisas q conseguimos tocá-las, quer me fazer chorar é ter uma pessoa que chegue me falando que a feira crespa mudou a vida dela, cada uma é uma emoção diferente, fico feliz em fazer diferente na vida das pessoas.




domingo, 13 de março de 2016

Feminismo, moda e identificação - um blog escrito por mulheres reais e para mulheres reais!







escrito por Vida Oliveira



Hoje a gente fala do site Diva Sem Frescura. Criado pelas divas Jenny Santos, Luma Matos e Olga Bon, o blog surgiu em 2015 a partir do desejo de abordar a moda de uma forma diversa e real. Hoje, além das três autoras, o site conta com a colaboração fixa da Daniele Fabre, que fala de cinema, literatura e outras coisinhas maravilhosas e a Flávia Muniz, que arrasa com dicas de maquiagem.
Cansadas da dificuldade em se identificarem com o que viam nas revistas, outdoors e televisão, queriam um espaço em que toda mulher fosse bem-vinda para falar sobre ser diva e sentir-se viva.

A gente bateu um papo com as três que, na fanpage do blog, já acumulam quase 5 mil fãs.  Tais postagens, ao falar de moda, maquiagem, relacionamentos e feminismo, valorizam a mulher e buscam libertá-las das amarras da ditadura da beleza. Eu mesma, fã assídua do blog, curto diariamente as dicas e textos. Para mim que sou parda com traços de índia, ler um blog de moda que me traga identificação é tipo sentir que também posso ser linda e, lembrar diariamente que posso ser linda é  grandiosamente inspirador. Obrigada, meninas.

Segue a entrevista com as divas do Blog "Diva sem Frescura":


1- Para vocês, qual a importância de um blog de moda em que o leitor / leitora se reconheça nas fotos, nos videos, no post? 

OLGA: A principal importância, que eu enxergo logo de cara, é a representação de estilos, corpos e cabelos que não estão expostos nas capas de revistas nem nos personagens de destaque nas novelas. Quando falo representação, quero dizer que procuramos falar com as pessoas que passaram uma vida sem se enxergar na mídia, sem ter exemplos que valorizassem diferentes padrões. Eu, como branca e magra, sempre me vi representada por aí e mesmo assim caia na armadilha do "nunca tá bom". Sempre tinha algo pra mudar, pra melhorar. Imagina, então, quem não tinha nada? E graças ao blog e ao contato com tantas mulheres maravilhosas, corajosas e lindas pude desenvolver empatia mais do que nunca e o maior trunfo do nosso blog é o fato de ele ser diverso e plural, procurando sempre trazer luz à todo o tipo de cabelo, corpo e cor de pele.


LUMA: Como mulher negra, posso dizer com muita propriedade que não estamos representadas na mídia, nos jornais, revistas, sites, novelas, filmes. É claro que questionamos o padrão de beleza, mas hoje, as negras são pouquíssimo representadas, até mesmo em uma representação fora do padrão. Quando eu era criança, várias vezes me lembro de comentar com as minhas amiguinhas que eu gostaria de ter nascido loira, de cabelos lisos, que queria ser branquinha... E hoje vejo que esse devaneio infantil era pela falta de representação na mídia e nos espaços de poder. Faltavam referências que me inspirassem e que pudessem servir como ícones para meninas como eu. Hoje com o blog, vejo o quanto as leitoras se sentem confortáveis e representadas quando percebem que não são obrigadas a serem magras, a terem cabelos lisos, a terem as maquiagens mais caras e uma vida de socialite (isso marcou muito o início da febre das blogueiras). Acho extremamente importante mostrar e até mesmo ser uma referência para todas as pessoas que não se encaixam no padrão, ou seja, representar a maioria das mulheres. 

2 - A Luma passou pela transição capilar. A vivência com o site e com os/ as leitores(as) teve influência nessa decisão pela transição? Como foi compartilhar no blog os momentos da transição e de que modo compartilhar esse momento pôde incentivar mais pessoas a passar pelo momento da transição? Vocês conhecem pessoas que se encorajaram a partir do blog? 

LUMA: Criamos a ideia do blog em agosto de 2014, e em janeiro do ano seguinte, quando nosso blog nem tinha ido ao ar ainda, eu estava decidida a passar pela transição. Compartilhar os momentos difíceis e as novas descobertas que fui fazendo me ajudou muito, porque muitas meninas se identificaram, vieram conversar comigo, trocar experiências, foi gratificante demais. Eu tenho certeza que só consegui passar por toda essa transição (que parece ser só estética, mas é muito mais emocional do que isso) por causa de todo incentivo, apoio e exemplos que tive. Tenho muito orgulho e certeza da minha escolha ao ouvir cada menina que resolve parar de alisar inspirada na minha transição, e geralmente elas entram em contato, conversam comigo, me contam suas inseguranças e pedem dicas. Isso é maravilhoso. Sempre me disponho a ajudá-las em tudo porque sei como é difícil. O cabelo é o símbolo da feminilidade,e cortar tão curto abala totalmente as estruturas de uma mulher vaidosa. Fazer tudo isso por um cabelo que não é o padrão e que ainda é muito estigmatizado, numa sociedade extremamente racista onde várias empresas deixam de nos contratar por causa da estética afro do nosso cabelo então... É uma decisão super difícil. Mas vejo que o apoio é o meio mais eficaz de ajudar todas as meninas que decidem passar por isso, e sei que o nosso blog ajuda nesse quesito.

OLGA: Apenas para complementar a resposta da Luma, essa questão de uma rede de apoio é MUITO importante. Quando falamos de sororidade, de ajudar umas às outras, quando nos chamamos de "migas" ou "manas" queremos dizer que podemos ajudar umas às outras com a troca de experiências e inseguranças. 

Na foto, as três autoras do blog. 


3- Como é a relação com os / as fãs? Vocês recebem muitas mensagens, sugestões de postagens?  

LUMA: Em geral, recebemos muito feedback positivo das meninas.Geralmente elas nos dão sugestões de temas que causam insegurança em toda mulher, como por exemplo relacionamento abusivo, machismo e casos aleatórios que são absurdos para as mulheres. Também recebemos muitas sugestões para falar de moda e maquiagem, e fazemos isso, mas a marca registrada que causa maior abertura para as meninas nos pedirem posts com certeza é o feminismo. 

OLGA: É uma relação de muito carinho. Porque quando a gente percebe que fez algo que realmente ajudou ou botou alguma menina pra pensar no sentido de ter inserido nela um olhar crítico em relação a sociedade machista em que estamos inseridas, ficamos muito muito muito felizes. Dá uma sensação incrível de trabalho de sementinha. Como se ajudássemos a plantar uma sementinha em uma menina, que irá se tornar cada vez mais empoderada. 

4- Como funciona o site? Vocês se reúnem semanalmente para decidir o editorial e as pautas? Ou é mais livre a criação? 
OLGA: O site funciona através de um planejamento prévio, pois ele não é a renda fixa de ninguém. Todas temos (muito) trabalho e estudamos, então tudo precisa ser feito de forma antecipada. Por exemplo, às vezes combinamos um dia para gravar vários vídeos de uma vez pois não temos tempo de nos encontrar sempre, infelizmente. Na criação do blog, nos reuníamos bastante até chegarmos em um denominador comum. Hoje em dia, temos um grupo no whatsapp bastante ativo, em que trocamos ideias, sugestões, pautas... mas não decidimos o que ninguém vai falar. Todas têm total liberdade de escrever o que quiser, pois todas as integrantes (incluindo nossas maravilhosas colaboradoras fixas Daniele e Flávia) são feministas e temos uma visão política bem parecida. Dai fica mais fácil das pautas baterem. Já perdi as contas de quantos textos escritos por outra integrante poderiam ter sido escritos por mim. É pura harmonia! E como nossas conversas são sempre ótimas, acontece muito de alguém dizer "ah quero falar sobre tal coisa" e ai todo mundo começa a falar sobre essa coisa e vamos trocando e aprendendo sempre. 

5- Nesses anos todos de site, qual tem sido o maior aprendizado de cada uma?  

LUMA: Em fevereiro de 2016 nós completamos um ano de blog, mas parece que tem muito mais, com tanta coisa que já aprendemos! A maior delas, para mim pelo menos, é que vale à pena mostrar o nosso ponto de vista, não importando as críticas. Nem todo mundo vai concordar com a gente, mas ao ler um texto, muita gente vai aprender, vai se sentir acolhida, apoiada, aliviada... Isso é o que nos importa e faz diferença no fim das contas.

OLGA: Não são tantas anos, é um ano só! Uma loucura, pois tanta coisa aconteceu nesse 1 ano que já poderíamos fazer uma festa de "10 anos de blog"... hahaha... é complicado falar o maior aprendizado porque foram muitos. Mas pra mim, pessoalmente, o maior deles foi desenvolver empatia. A se solidarizar com a dor do outro, a respeitar a luta do próximo, entender que somos diferentes. Eu sempre respeitei muito as lutas e as bandeiras das "minorias" ou de grupos marginalizados, mas com o blog eu ganhei um outro olhar, uma perspectiva mais madura e uma vontade de falar bem alto. Até porque nessa altura do campeonato já nos acostumamos a sermos as "problematizadoras-mimizentas-vê-problema-em-tudo"! 

JENNY: O que mais aprendi com o blog é que a gente não está sozinha. Tem um milhão de mulheres por ai que passam pelo mesmo que a gente passa, têm suas inseguranças, seus relacionamentos abusivos, suas superações, sua história. E isso me fez mudar a forma de ver certas coisas. Construindo esse espaço de integração, discussão e até posso dizer de aconselhamento, ficou claro pra mim que, mesmo que nossas realidades sejam diferentes, estamos todas juntas. Ser mulher nos uni.

6- Como é ser diva sem frescura? Quão libertador é sê-la?  

LUMA: Ser diva sem frescura é basicamente ser você mesma, se livrando a cada dia dos padrões impostos pela sociedade, se libertando de todos os "mas mulher TEM QUE..." que a gente ouve diariamente, é perder o medo das críticas, é ser livre para ser imperfeita e vulnerável, e ainda assim, ganhar a admiração de pessoas tão imperfeitas e vulneráveis quanto você. Ser diva sem frescura é se cuidar sabendo que aparência não é tudo, é defender os seus direitos sem drama e sem vitimismo. É ótimo, inclusive convido todas a serem também!

OLGA: Eu acho que ainda não posso afirmar que é libertador ser diva sem frescura, porque crescemos ouvindo tantas coisas sobre como devemos ser e o que devemos fazer que é muito difícil se livrar totalmente dessas camisas de força sociais. Queria ser 100% livre, mas não sou. Ainda caio em armadilhas feitas por mim mesma. Mas posso dizer que estou muito melhor do que antes e a aura de uma diva sem frescura está repleta de respeito a si, a seu corpo, a suas vontades. É saber que as críticas sempre vão existir, independente de você ser de direita, de esquerda, loira, morena, gorda, magra, negra, branquela, se trabalha pra caramba e ganha dinheiro, se opta por ficar em casa cuidando dos filhos, se vai ficar quieta ou se vai bater de frente: amiga, sempre vão nos criticar. Ser diva sem frescura é se amar apesar das críticas, é perder o medo de ser você mesma, é respeitar a luta das mulheres que vieram antes de nós, é ir em frente. 

JENNY: Ser diva ser frescura é ser livre. Escolher o que quer para si, sem depender do que qualquer padrão anda estabelecendo por ai. É enxergar o melhor de si, e a cada queda, cada perda de esperança, conseguir se levantar e voltar a luta. É ser você mesma e deixar que os outros sejam eles mesmo. E para mim não há nada de mais libertador do que viver como quero e não me sentir presa a nada.


domingo, 6 de março de 2016

Ilustrações divertidas com bom humor e senso crítico

Hoje nós vamos falar da Marília Almeida, designer e cenógrafa, criadora da personagem "Toni". “A Toni veio da necessidade de encontrar personagens femininas que saíssem dos clichês, sendo mais complexas e verdadeiras” é assim que Marília Almeida, artista visual, paulistana, mas "carioca" há 3 anos define a personagem na qual ela produz desenhos para alimentar uma página de mesmo nome, mostrando que humor, criatividade e beleza nada têm a ver com padrões inaceitáveis.

Marilia e Toni 

Marilia conta que a ideia de criar a página no Facebook surgiu em um dia que estava à vontade na sua casa, usando uma roupa confortável. “Eu vi o meu reflexo na minha TV, usando uma calcinha vagabunda e uma camiseta velha que amo, e percebi que esse era o momento em que eu sou genuinamente eu mesma. ” A Toni e Marília têm bastante coisas em comum e esse contato (dela e da personagem) ajuda na criação do conteúdo da página. Assim, conclui a artista “conseguimos (toni e eu), nos comunicar melhor e ter maior retorno das pessoas que nos seguem.

Uma das imagens feitas por Marilia


Segundo a artista, é importante que as mulheres se vejam na personagem, contando que esse olhar seja de forma ética e verdadeira. E acrescenta que deseja que com a Toni, as meninas consigam ter uma auto-estima elevada, sentindo-se lindas do jeito que são, mesmo com uns quilos a mais. E completa: “eu não vincularia a personagem em uma publicidade de um "shake milagroso" para emagrecer, que vai contra a mensagem que queremos passar. ”






 

Gostou da Toni e da Marília? Segue a página da Toni  no Facebook e divirta-se!